Voluntariado!
Tanto para contar, tendo em conta que tudo se passou em tão pouco tempo. Já todos sabem que gosto de me gabar do orgulho que tenho em Paredes de Coura. Pois bem, desde o dia 16 de Agosto que cá estou, a tomar conta do que é “meu”, por assim dizer. Como sabem (ou não), inscrevi-me no Voluntariado para as Florestas. Estou cá com a Daniela, a Mariana e o Nuno. O trabalho consiste na sensibilização da população em relação aos cuidados a ter e as medidas a adoptar, através da distribuição de panfletos e ainda ligar para o 117 sempre que vemos fumo. Dividiram-nos em dois grupos e mandaram-nos para duas freguesias. Mas nós estamos sempre um passo à frente. Decidimos ir todos juntos, até porque as freguesias atribuídas eram próximas. Mas cansa, ter que andar a carregar a bicicleta montanha acima. Sim, porque as subidas aqui não são pêra doce. São agrestes.
No dia seguinte decidimos por unanimidade acampar num morro a fazer a vigia a partir desse ponto. Não é preciso mais nada, desde que tenha uma sombrinha. Conversamos, jogamos cartas e lanchamos sempre no mesmo posto. No caminho de regresso, fizemos a parte da sensibilização, entregando panfletos a quem nos aparecia na rua. A partir daí, desistimos das bicicletas e passamos aos trilhos. Paredes de Coura tem isso de bom. Existem uma série de trilhos definidos, passando por locais importantes. Por isso, sabendo a freguesia atribuída, escolhemos um trilho que abrangesse essas freguesias. São trilhos que nos levam para os pontos mais altos de Coura e por isso nos dão uma vista fenomenal sobre este concelho. Assim, fizemos a vigia, percorremos o melhor de Coura, as pessoas oferecem-nos lanche e água. Estes passeios são revigorantes. Vimos uma aranha amarela enorme, mesmo linda. Apanhamos imensas amoras. Comemos framboesas. Bebemos água de qualquer nascente. Desbravamos caminhos com cajados.
O mais giro destes trilhos é a simbologia que nos guia. Temos que seguir dois traços, um vermelho e um amarelo. Se tiverem em cruz, é porque estamos no caminho errada. O primeiro trilho não correu lá muito bem, pois desviamo-nos da nossa rota. Acabamos por ter que voltar para trás e não vimos o resto do caminho. Nos dias seguintes, os trilhos já nos correram melhor. Já estávamos mais familiarizados com a simbologia.
Devo dizer que existe um trilho sem saída. Já não deve ser percorrido há muito tempo e a vegetação apoderou-se do caminho, obrigando-nos a percorrer o caminho de volta, mesmo depois de já estarmos todos arranhados.
Eu não sou pêra-doce. Eu sei disso. E sei também que as minhas acções têm consequências. Até porque acho que a minha consciência está bem direccionada. Lamento muito a minha precipitação e as minhas acções. Quem estava lá sabe do que estou a falar. Por isso quero aproveitar este meu espaço para pedir as mais sinceras desculpas pelo sucedido. Gostava de ter a oportunidade para emendar a imagem deixada. Mas por agora ainda tenho alguma vergonha na cara. Deixemos o tempo passar.
Numa semana choveu, por isso não houve fogo. Eu e a Daniela fomos à piscina com este tempo. Até estava bastante agradável. Bem mais quentinho lá dentro, do que cá fora. Sempre que saímos, voltávamos a saltar lá para dentro, por causa do frio. O Sr. Ângelo viu-nos e deve ter achado que éramos tolinhas.
Em Setembro, começa uma nova vida. Quer dizer, não é bem no inicio de Setembro. Tenho planos para o fim-de-semana. Lisboa, aqui vou eu. Preciso de ver caras amigáveis e tenho saudades delas. O fim-de-semana seguinte são as Feiras Novas em Ponte de Lima. Vai ser muito bom também.
De há uns dias para cá, ando com a nostalgia italiana. De toda a gente, dos gelados da Grom, do mercado na Piazza delle Erbe, da Meneghetti, da Lucky, do Le Queen (e até do DJ Thang). Ai, nostalgia maldita. Leva-me de volta para lá e não me tragas tão cedo. Quero continuar a conhecer. Quero ir a Bassano. Quero ir a Nápoles. Quero rever tudo o que já vi. Ferrara, Lago do Como, San Gimignano, Lucca.
Para matar algumas dessas saudades, já combinei ir a Lisboa no primeiro fim-de-semana de Setembro com a Maria. Vamos ficar em casa de Luísa. Vai ser tão bom. Já estou cheia de saudades das minhas meninas.
Tenho andado para escrever sobre o dia 16 de Dezembro. O melhor dia do ano. É o dia em que nasceu uma grande mulher. Uma grande escritora. Jane Austen. Até à data ainda não li nenhum dos livros dela, só vi filmes. Ando sempre a ver quando começo a ler. Vou começar por Orgulho e Preconceito e seguir caminho. Mas não há vontade. Tenho receio de não conseguir perceber o inglês arcaico de Jane. O inglês com palavras rebuscadas e pomposas.
Devia de ler livros com mais interesse intelectual e não só apenas romances. Mas que se pode fazer? Já posso dizer que Hemingway, mas o senhor é um tanto pessimista. Fiquei triste com o final de “O Velho e o Mar”. E desiludida, também. Li também “Patagónia Express” do Luís Sepúlveda. Já todos sabem do meu fascínio por este senhor. Desde o tempo “O Mundo do Fim do Mundo”. Adoro cada livro dele. É como se estivéssemos mesmo lá, no Chile. A viver o que ele viveu. A sentir o que ele sentiu. Amava puder lá ir.
Querem saber de uma história intrigante? Ontem o Lucho estava com o pneu em baixo. Hoje levei-o à oficina e não tinha nada. Não tem furo nem nenhuma fuga. Não souberam explicar o que se passou. Fui ver à net e o Lucho está meio lesionado, com uma entorse no tornozelo. Oh God. Este carro é surreal. Já é a segunda vez que me faz esta brincadeira.
Lembram-se daquele primeiro texto com a metáfora das estradas? Neste momento, estou numa encruzilhada, com bastantes escolhas. E não faço ideia qual delas seguir. Este é um dos momentos mais confusos de sempre. Ora bem, até aqui, depois de cada período de férias vinha sempre a escola (infantário, depois escola primária, eb 2,3, secundário, universidade). Houve sempre uma hierarquia a seguir. E agora? Que faço? Para que lado me viro? O que eu quero ser e fazer? O que sou capaz de fazer? O que eu quero fazer no resto da minha vida? São muitas questões que coloco todos os dias. E até agora não encontrei nenhuma resposta. Tenho que escolher, já que não posso ficar eternamente parada nesta encruzilhada. A gasolina acaba. Pelo menos agora não estou numa rua de sentido único, com um carro em contra-mão a abalroar-me. Sou só eu e a estrada. Eu é que decido o que fazer. O problema é que eu não sei o que quero fazer.
Li uma versão melhorada da fábula “A Formiga e a Cigarra” de La Fontaine. Diz para sermos metade cigarra metade formiga. Se não encontrar a metade da laranja, devemos procurar a metade do limão, juntar açúcar e aguardente e ser feliz. Só me falta o limão. Eh eh. Brincando!! Devemos de aproveitar a vida. Devemos trabalhar, mas também divertimo-nos.
Esta semana tenho que entregar a versão definitiva e vai quebrar-se o último elo que liga à faculdade. A partir de agora é sempre a abrir. Sempre a andar. Não sei bem para onde, mas logo se vê. Um dia de cada vez.
Hoje regressei ao Porto. Cheguei mesmo agorinha. Por isso, antes de publicar este texto, decidi acrescentar mais algumas palavras. Antes de voltar fiquei em casa sozinha alguns minutos, já que o Nuno, a Daniela e a Mariana vieram antes. Quando a porta fechou e eles saíram, senti-me triste. Não por eles terem ido embora e por ter ficado sozinha. Mas aquele fechar de porta significou o início de uma nova etapa da minha vida. Nesse momento, as lágrimas fundiram-se com a água do chuveiro. Foi um misto de sentimentos. Felicidade por todos os momentos vividos e laços criados, triste por vê-los partir, ansiosa em relação ao futuro e arrependida de algumas acções.
Espero ter mais novidades da próxima vez que escrever. Despeço com um obrigado à Daniela, à Mariana e ao Nuno.
Beijos, Rita*