segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Working on a Dream

Bom dia,

A semana mal começou e já desejo que seja sexta-feira. Todos os dias são uma verdadeira aventura. Nunca sei como vai terminar. Mas depois sabe tão bem chegar a casa, vestir um fato de treino e enroscar-me no sofá.
Estou feliz. Hoje é dia 19. Para mim, isso significa muito. Obrigada à N. que insistiu comigo um dia, para eu sair da minha zona de conforto. Obrigada ao M. por caminhares ao meu lado, nestes dias difíceis. Sei que não fácil de gerir, especialmente nos últimos tempos, mas tens aguentado firme e isso é muito importante para mim. Adoro que me faças rir todos os dias. Adoro ver-te tocar guitarra. Adoro mais coisas, mas isso fica entre nós.
Tenho tanto para fazer e não sei como. As horas não esticam, os dias não crescem. Parar não é opção, nos dias que correm. Desistir muito menos. “Porque não vais para fora?” muitos perguntam. Como já escrevi anteriormente, quero ficar no meu país e ajuda-lo a erguer-se desta miséria em que nos deixaram. É complicado, mas acredito muito no potencial de Portugal. Aquele potencial que teimam estragar. Portugal é dos poucos países (se é que existe mais algum) onde se consegue ir à praia de manhã e estar numa montanha com neve na parte da tarde. Isto no Inverno. Consegue-se ver paisagens tão diferentes em poucas horas. Mas não, preferem explorar temas como o golfe, que só tem interesse para cerca de 2% dos turistas.
Muitas pessoas dizem que sou corajosa, que sou ativa e que não baixo os braços. Eu bem tento. Multiplicar-me pelas diversas coisas com que me comprometo. Estágios, bolos, workshops. Mas tem que chegar o dia em que também recebo algum retorno por todos os sacrifícios que faço diariamente. Eu e toda a gente, claro.
Abdico de algumas coisas diariamente, em prol de outras que podem (ou não) ser algo mais no futuro. Mas esse futuro nunca mais chega. Estive a fazer as contas, estou há mais de seis meses desempregada. Como (sobre)vivo? Com muita ajuda e muita força de vontade para esticar todos os cêntimos até ao final do mês. Tenho uma rede de segurança, a minha família, pela qual estou extremamente agradecida. Mas nunca mais chega o dia de conseguir retribuir todos os sacrifícios que fizeram por mim ao longo destes anos. Dezoito anos de estudos e um semestre de Erasmus em Padova. Não sou burra, sei que abdicam de muitas coisas que podiam fazer para dar aos filhos tudo aquilo que os faz felizes. Não é justo. Não é justo puderem usufruir da sua vida.
Tenho saudades de uma ida ao cinema. Passear pelo Porto. Estar com os amigos. Almoçar com a família. Passar uma tarde no sofá a beber chá e comer castanhas. Viajar. Ler um livro. Tanta coisa. Pequenos detalhes. Tenho saudades do dia em que tinha a possibilidade de comprar uma peça de roupa, cometer uma pequena extravagância. Acredito que esse dia vai chegar.


As pessoas dizem que, desde que se tenha saúde, o resto não tem tanta importância. Mas nem sei se isso tenho. Os exames estão todos normais. Não há uma pequena ponta solta por onde se possa pegar e que explique o que se passou. É bom sinal, eu sei. Não é nada de grave. Mas o que me garante que não se volta a repetir? Não senti nada, não previ o que ia acontecer. Da última vez, lembro-me de estar muito tonta. Desta vez não. Não posso viver nesta insegurança nem deixar de fazer coisas que normalmente faço, porque esta dúvida paira na minha cabeça. Não posso.
Vou dedicar-me a outras tarefas…

Rita D.*

1 comentário: