Este texto é sobre um arrependimento
que tenho. Que me ocupa parte do coração e que tende a retrair-me. A minha avó
faleceu há pouco menos de ano e meio. Ela costurava, fazia renda, tricot e
tínhamos alguns projetos em conjunto, que nunca viram a luz do dia. Por minha
culpa. Porque havia dias em que não tinha paciência para ouvir, outros
simplesmente não estava com vontade. Agora quero aprender a costurar, a fazer
tricot, mas ao mesmo tempo não quero. De cada vez que faço tricot penso que ela
estaria orgulhosa de mim estar a tentar, mas queria que ela visse e me desse as
suas preciosas dicas. A minha avó partiu e não tenho como tirar este sentimento
horrível de dentro de mim. A minha avó partiu e não me despedi dela... Só damos
valor às pessoas depois de as perdermos? Ela sabia que eu a amava. Eu gosto de
acreditar que sim.
Tercília, estejas onde
estiveres, quero que saibas que te amo e que tenho mais do que muitas saudades
tuas. Deixaste-me desamparada. Poh, agora ninguém me dá rissóis de camarão.
Estou a brincar. Por vezes, sinto-te perto de mim. Sabes que eu não estou
sempre a pensar em ti, porque não quero estar sempre triste...
Rita D.*
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