Neste
momento saí da auto-estrada, nem sei bem em qual, porque estou perdida. Não sei
se resolvi sair para uma cidade grande ou para um vila pequena, onde posso
descansar. Estou às voltas na rotunda à saída da auto-estrada. Tenho tantas
hipóteses de percursos a seguir, mas ainda não optei por nenhum. Ainda posso
sempre voltar para trás. Mas será que quero mesmo voltar para trás? Neste
momento, nada me espera lá. Ao contrário do que eu gostaria. Mas, por vezes,
temos que saber andar para trás, para conseguirmos seguir em frente. Será esse
o caso? Mais de dois meses presa nesta rotunda, já começo a ficar tonta. Não
sei o que pensar nem o que optar. E a gasolina vai acabar, eventualmente. Só eu
é que posso decidir para onde virar. Mais ninguém. Tenho que ser forte, porque
a decisão que tomar tem que ser definitiva. Não pode haver como voltar atrás.
Isto não é como a Alice no País das Maravilhas, em que ela pode escolher a
porta que quiser. Sempre em frente, esse é que deve ser o caminho. É a minha
vida, eu estou a desperdiça-la. Mas também não sei como fazer para a
aproveitar, neste momento, na rotunda. Também não vale ir contra os rails ou a
rotunda, a única pessoa que sai magoada sou eu. Tenho que abrir os olhos,
fechar o meu coração a sete chaves e decidir qual saída tomar. Deixar de pensar
com o meu coração e começar a agir com o meu cérebro. Ser racional, não
sentimental. Para o meu bem, para a minha saúde mental e dos que me rodeiam.
Porque eu sei que tenho que ser mais forte do que ando a ser. Tenho que ser.
Porque sei que ando a desperdiçar tempo, sonhos e objectivos. Como vai ser
quando perder alguém de verdade, para sempre? Não pode ser. Simplesmente não
posso permitir deixar-me cair assim. Tenho que encontrar a saída que me leve em
direção aos meus sonhos antigos, o hotel em Paredes de Coura, … Qualquer coisa
que me tire desta apatia diária, desta mecanização do dia-a-dia. Um sinal,
talvez... Umas luzes no meio do nevoeiro. Para conseguir ler as placas e
perceber para onde seguir. Já nem sei quem sou, ao certo. Aquilo que sou capaz
de fazer, o que quero para mim. Quem quero perto de mim. Não sei de nada. Tudo
isto me causa uma espécie de aflição dentro de mim. Uma urticária. Não sei bem
explicar. É um sentimento de algum pânico. De tudo. Do que sei, do que não sei.
Do que quero. Do futuro. Do que me falta. De ficar com quem me faz falta. Ai,
que nó em que me meti. Sozinha.
Alguma luz eu já encontrei... Falta o resto!
Ritinha,
ResponderEliminarcada palavra que escreves neste teu blog, cada vez que abres a tua janela, vejo-me nas tuas palavras, nos teu sentimentos, nos teus estados de alma, apesar dos motivos totalmente diferentes. Ao ler os teus textos, parece que repito aquilo que eu mesmo digo e sinto. Admiro a tua coragem de os publicar para o mundo....
Acredito que um dia, esse dia chegará concerteza, as coisas mudarão, e encontrarás o teu caminho, a tua luz
Beijinho grande,
am
PS. Mt bonita foto!